A Beleza Não É Democrática: Por Que Nem Tudo Que Se Chama Arte É Arte

Vivemos numa época em que tudo precisa ser relativizado para não ferir sensibilidades. Até mesmo a beleza.


Dizer que Beethoven está em outro patamar comparado a um “hit” vulgar de letra pobre — ou que Michelangelo não pode ser colocado ao lado de artistas contemporâneos que apenas rabiscam uma tela — virou quase um crime de opinião.


Mas a verdade é simples: a beleza não é democrática. E a arte, tampouco.



A grande ilusão da “arte como expressão pessoal”


Hoje em dia, basta alguém dizer “isso é a minha expressão” para que se exija que aquilo seja respeitado como arte.

Mas expressar algo pessoal não transforma automaticamente em obra de arte. Arte verdadeira pressupõe mais do que intenção: exige forma, estrutura, técnica e um impacto que ultrapassa o próprio autor.


Artistas como Michelangelo, Beethoven, Bach e Botticelli produziram obras que resistem ao tempo porque dominaram técnica, simbolismo, ordem e sensibilidade.

Eles buscavam elevar quem contemplasse sua arte — não apenas chocar ou entreter.


Infelizmente, a arte contemporânea em sua maioria troca transcendência por transgressão, e técnica por marketing emocional.

O resultado? Um cenário onde o grotesco é promovido como vanguarda, e o belo é tratado como conservadorismo ultrapassado.



Beleza é subjetiva? Até certo ponto.


Há margem para gosto pessoal, claro. Você pode preferir Van Gogh a Da Vinci, ou Bach a Debussy.

Mas nos extremos, a diferença entre o sublime e o grotesco é objetiva e inegável.


Estudos em neurociência, psicologia evolutiva e filosofia clássica apontam que:


Formas proporcionais (ex: proporção áurea),


Simetria facial e corporal,


Harmonia entre elementos visuais e sonoros



são percebidos como belos em praticamente todas as culturas. Isso mostra que há critérios naturais e estruturais que transcendem a opinião individual.



Distinguir estética não é julgar caráter


Reconhecer que certos corpos, rostos, músicas ou obras têm maior apelo estético não é desumanizar ninguém.

É como comparar duas esculturas, dois edifícios ou duas composições musicais.


Confundir juízo estético com juízo moral é um erro cada vez mais comum — e é justamente o que destrói a possibilidade de se pensar com clareza sobre arte e beleza.


A beleza não torna ninguém melhor como pessoa. Mas fingir que todas as coisas são igualmente belas é mentir sobre a realidade sensível.




Quando tudo é arte, nada mais é


A ideia de que “tudo é arte” — só porque alguém chamou assim — destrói o próprio conceito de arte.

Se tudo pode ser considerado arte, não há mais critérios, nem hierarquia, nem esforço — apenas intenção arbitrária.


Arte de verdade exige:


Esforço técnico


Refinamento formal


Tensão simbólica entre ordem e expressão


Capacidade de produzir impacto universal, e não apenas reação momentânea



Transformar qualquer rabisco ou batida repetitiva em arte “legítima” não democratiza a arte — apenas a rebaixa.




Conclusão: restaurar o valor da beleza é um ato de resistência


A verdadeira arte exige forma, sentido e elevação.

A verdadeira beleza não precisa de legenda — ela se impõe.


Reduzir tudo a gosto pessoal, apagar critérios e eliminar hierarquias não liberta ninguém — apenas nos mergulha numa cultura de ruído, mediocridade e superficialidade.


Não, nem tudo é belo.

Nem tudo é arte.

E distinguir essas coisas não é preconceito — é lucidez.



Arte não é democrática. Beleza não é relativa.


A arte não foi feita para ser nivelada. Ela é, por natureza, hierárquica, seletiva e exigente. Não existe arte verdadeira sem disciplina, sem linguagem, sem técnica.

A tentativa de “democratizar” a arte dissolveu seus fundamentos. Hoje, confunde-se qualquer emissão sonora com música, qualquer rabisco com pintura, qualquer grito com poesia.

Mas isso não é ampliação — é diluição.


Comparar Beethoven, Avril Lavigne e Sandy a um MC qualquer e dizer que tudo isso é música é uma blasfêmia tão grande quanto é pra um cristão dizer que o diabo é santo.


A frase pode parecer dura, mas expressa exatamente a inversão que vivemos: onde o sublime e o grotesco são colocados lado a lado em nome de uma falsa igualdade.

Essa comparação não honra ninguém — só degrada o que é alto e consagra o que deveria continuar sendo apenas ruído.


A ARTE NÃO É DEMOCRÁTICA. A BELEZA NÃO É RELATIVA. 

E afirmar isso é o primeiro passo para resgatar a beleza como valor e a arte como linguagem da verdade.



- Dario Malthan 



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